sábado, 1 de janeiro de 2011

Sem acompanhamento

Nunca tive um diário e confesso sempre duvidei dos beneficios de desabafar para páginas em branco. A minha opinião acerca deste método de relaxamento, que é disso que efectivamente se trata, alterou-se face à necessidade de transpor para palavras a dor vivida neste tempo de solidão. Escolhi este nome para o blog em homenagem ao meu marido, que "adorava" ouvir esta canção interpretava por Bobby Solo.
Comecei por escrever acerca das alterações sofridas no comportamento dele, após a terceira cirurgia ao cérebro. Nunca imaginei que a sua mente ficasse tão alterada como de facto aconteceu. Nas duas primeiras cirurgias as alterações de comportamento, existiram, mas não deixou de ser ele. Nesta última descambou. Senti desde o primeiro instante que estava diferente, mas não fui alertada para essa possibilidade e nem sequer orientada afim de saber agir da melhor forma perante as adversidades que surgiram. Essa é a falha que tenho a apontar ao hospital , onde foi assistido desde que lhe diagnosticaram um glioma cerebral em 2003, áté ao seu falecimento em 2010, dois meses após a remoção de um gliossarcoma. A falta de folhetos, por ex., onde se dêem informações básicas da melhor forma de se tratarem estes doentes, é um dos pontos fracos dos serviços oncológicos. Não somos devidamente esclarecidos acerca dos perigos a que estão sujeitos. Deveria existir mais acompanhamento às familias dos doentes. Erramos muitas vezes por falta de orientação. Não sabemos o que sentem estes doentes, o que lhes vai na alma e até que ponto entendem o mundo que os rodeia. As palavras certas para que nos entendam é por exemplo um ponto chave nesta relação doente-família.

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