domingo, 9 de setembro de 2012

Sofrimento. É bom ou mau?

Cheguei à pouco da missa de 7º dia de duas antigas vizinhas. Faleceram as duas, mãe e filha, num desastre de viação no domingo passado. O filho da mais nova foi criado aqui no prédio e é da idade da minha filha. É um excelente rapaz e resolvi apoiá-lo nestes momentos tão dolorosos. No dia do funeral, ainda não sabia como iria dar a noticia à filha que tem apenas 5 anos. A menina gostava imenso da avó e ficava muitas vezes na sua companhia. Como já passei, 2 vezes por essa situação, aconselhei-o a dar a noticia naturalmente, sem entrar em demasiados pormenores. É preferível contar a verdade às crianças do que tentar enganá-las, sabe-se lá até quando. Tanto os meus filhos, como os meus netos encararam a morte dos avós com uma situação normal. Ao contrário do que pensamos, a morte para eles não tem o mesmo peso negativo, como para nós. Eles não têm noção da real dimensão da perda. Hoje, após a missa, ao falar com ele apercebi-me que a menina reagiu da mesma forma que os meus. Aceitou naturalmente e só não quer é ver os pais tristes. Isso sim, entristece-a. Reflectindo acerca do assunto, apercebo-me que existe em nós um misto de sentimentos que não conseguimos qualificar. Por um lado ficamos contentes por a criança, não sofrer demasiado, mas por outro lado aquela pronta  aceitação deixa-nos a pensar:
- Quanto amor sentirão por nós, avós?
- Será que depois de partirmos, se irão lembrar de nós?
- Sentirão saudades das nossas brincadeiras, dos nossos beijos?
Gostava que as respostas a estas questões, fossem deveras positivas, pois só assim podemos almejar continuarmos vivos para além da morte. Enquanto os familiares e amigos nos recordarem e falarem de nós, continuamos "vivos". Por favor, não se esqueçam de nós.

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